Porque sim

O romance eu disse que não quero. Mas quero as flores. Também quero os sorrisos incontidos. Se no começo a cabeça fica cheia, em nada mais é possível pensar… Depois o horizonte se expande e o que andava em passos lentos agora pode galopar no ar, dançar e caminhar de mãos dadas.

E se fosse só isso… Seria mais fácil. Agora penso que preço têm esses prazeres sem uma promessa real e definitiva de um amor incondicional de uma alma pela outra, eternamente. Penso que sabor amargo teria o desprezo e mágoa de uma brincadeira de se apaixonar, como se só houvesse de um para outro a infância, e o tempo nada quisesse devorar. Não e possível viver sem isso e nem com isso.

Agora me sinto sozinha, mas indiscritivelmente livre. No topo do funil das possibilidades, de onde eu gostaria de descer. Os casais fazem seus lares e se fecham neles, mas para quem está ímpar o mundo é um campo aberto cheio de flores, animais, comidas, camas confortáveis, água corrente e a sufocante prisão de nao poder compartilha-las. E brilham, reluzem no céu infinito as possibilidades. Acontece de algumas coisas, as mais íntimas, nao serem possíveis de transcrever em palavras. É preciso deixar essas coisas irem para quem possa recebê-las, desde que prometa nao so guardar mas aceite a natureza de transformar essa seiva miraculosa naquilo que é divino, aquilo que é criatura e criador, o próprio homem.

As palavras que me vêm parecem passar pelo estômago e pelos nervos.Querem sair e não percebem arrancar minhas entranhas para transformar tudo em texto. Esquecem que quando leio voltam para mim, mais fortes e poderosas ecoando e circulando como o ar, oxigenando todas as ideias e fazendo viver um medo que diz: você talvez não.

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